Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita?
Bruna Nicolielo (bruna.nicolielo@abril.com.br). Com reportagem de Tatiana Pinheiro
Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala e seu ensino se faz apenas pelo conhecimento das regras gramaticais sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso. Tomemos como exemplo as marcas de nasalidade da língua portuguesa. Para indicarmos na escrita a nasalização de alguns sons usamos nh, m, n ou o til (~). Uma criança de 2º ano do Ensino Fundamental pode escrever a palavra "cãto" com a intenção de significar "canto". Uma situação assim deve levar o educador a pensar sobre a quais elementos ela recorreu como falante do português para tomar a decisão de escrever o vocábulo dessa maneira. Em termos de significado, ela usou a palavra "canto" adequadamente. Porém, ao não ter certeza de qual representação nasal usar na escrita, marcou a nasalidade de outra forma, recorrendo a um elemento plausível, no caso, o til.
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